sábado, 6 de julho de 2013

O desconforto começa logo pela manhã, quando algumas partes do corpo parecem travadas. Com o passar das horas, a rigidez diminui, mas as juntas, mais comumente as das mãos, dos pés e dos punhos, continuam inchadas, doloridas e com dificuldade de movimentação. "Esses sintomas se somam à redução do apetite, à perda de peso, ao cansaço e à febre baixa", acrescenta o reumatologista Morton Scheinberg, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. 

Essa é a descrição do dia a dia de quem sofre com artrite reumatoide, doença autoimune sem causa conhecida que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros. "Ela é duas vezes mais comum em mulheres entre os 50 e os 70 anos, mas pode se manifestar em ambos os sexos e em qualquer idade", conta Scheinberg. "Se não for controlada de maneira adequada, pode fazer com que o indivíduo tenha dificuldade para realizar tarefas simples, como pentear os cabelos, e levar à deformidade das regiões atingidas", conta a reumatologista Andrea B.V. Lomonte, do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Felizmente, novas drogas chegam ao mercado para garantir um dia a dia mais confortável para essa gente. 

Por muito tempo, os portadores de artrite reumatoide não dispunham de uma terapia 100% eficaz. "Até o ano 2000, ele se resumia a medicamentos chamados modificadores da doença, que reduzem a inflamação, associados a analgésicos e anti-inflamatórios para o alívio dos sintomas", conta o professor Sebastião Cezar Radominski, chefe da especialidade de reumatologia da Universidade Federal do Paraná. "Apenas de 30 a 40% dos pacientes respondiam bem a essas drogas, permitindo que em muitos casos a doença continuasse progredindo", diz Radominski. A reumatologista Lícia Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia, acrescenta: "A evolução do quadro, além de levar à destruição das articulações atingidas e a deformidades, faz com que estruturas maiores, como os cotovelos, os joelhos, os ombros, os tornozelos e os quadris, sejam atingidas". 

Na última década, apareceram os medicamentos biológicos. "Eles mudaram de maneira radical o tratamento da doença, porque agem no causador", explica Morton Scheinberg. Isso significa que combatem o aparecimento das inflamações, o que leva a uma melhora dos sintomas e dá um fim ao círculo vicioso que está por trás da artrite reumatoide. Agora mais dois remédios chegam ao mercado para revolucionar o combate desse mal: o golimumabe, criado pela Janssen, e o tofacitinibe, da Pfizer. O primeiro está disponível desde o começo deste ano e é um biológico que age contra o fator de necrose tumoral-alfa, uma molécula que participa da regulação e do equilíbrio das células do sistema imunológico. Seu grande diferencial está na caneta usada para aplicá-lo, que foi desenvolvida especialmente para quem tem limitações nas mãos provocadas pela doença. "Ele também leva vantagem por ter que ser injetado apenas uma vez por mês, enquanto outras substâncias com ação similar precisam ser utilizadas a cada 15 dias ou mesmo semanalmente", diz Andrea Lomonte. 

O tofacitinibe, por sua vez, consegue penetrar em células do sistema imunológico que têm um papel-chave no desenvolvimento do problema, proporcionando resultados mais eficientes e duradouros. Essa droga também facilita - e muito - a vida dos portadores da doença, já que é ministrado na forma de comprimidos. Ela ainda está em fase de aprovação e deve chegar ao mercado dentro de um ano ou dois. "Estudos demonstraram que esse medicamento tem muito potencial para tratar a artrite reumatoide com bons resultados", conta Lícia Mota. Trata-se, sem dúvida, de um baita alívio.

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