quarta-feira, 31 de julho de 2013

Um batalhão de soldados estrategicamente posicionados e organizados para barrar qualquer invasor que possa provocar problemas. Assim é a flora vaginal. Nesse caso, o exército é formado por micro-organismos que devem estar em perfeito equilíbrio entre si para conseguir manter a vagina, a vulva e os órgãos próximos delas - a bexiga, o útero e as trompas - a salvo da ação de inimigos que, diante de qualquer descuido, causam diversos males. Alguns desencadeiam sintomas leves: coceira e ardência, por exemplo. Outros, no entanto, podem levar a cenários mais graves, como infertilidade e aborto. 

A principal arma dessa tropa é a acidez. "Ela cria um ambiente desfavorável para a entrada, a sobrevivência e a proliferação de micróbios que possam originar alguma doença", explica a ginecologista Carolina Carvalho, da Universidade Federal de São Paulo. Essa característica protetora é garantida pelos chamados bacilos de Döderlein. "Eles vivem na parede da vagina e se alimentam da glicose armazenada nas células, transformando-a em ácido láctico, o que faz com que sejam considerados lactobacilos", conta o ginecologista e obstetra Eduardo Zlotnik, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Além disso, a sua presença gera uma competição com os micro-organismos nocivos, fazendo com que haja menos comida para eles", acrescenta Carolina. 

No entanto, para que os lactobacilos consigam realizar essa missão com eficácia é necessário que a flora esteja em harmonia. Os especialistas já sabem quais são os fatores internos e externos que podem afetá- la. Mesmo assim, diversos estudos têm sido feitos para que possamos obter mais detalhes sobre o funcionamento dessa população e o que pode prejudicá-la. 

O mais recente deles veio da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e foi publicado na revista científica Science Translational Medicine. Lá, uma equipe de pesquisadores avaliou a flora de 32 voluntárias saudáveis em idade reprodutiva durante 16 semanas. A análise revelou que existem cinco grandes grupos de comunidades bacterianas na vagina, que podem mudar bastante em períodos curtos por causa de elementos como ciclo menstrual e relações sexuais. Entretanto, eles notaram que em algumas mulheres esses fatores praticamente não tiveram influência. Segundo os autores, isso pode ser um indício de que há diferenças muito grandes entre as populações que habitam a vagina de cada uma e isso pode ser um sinal da necessidade de tratamentos personalizados contra os males que ameaçam a região. 

Não restam dúvidas de que os resultados apresentados pela equipe americana apontam para o desenvolvimento de uma forma mais eficaz de evitar e tratar problemas femininos no futuro. Mas muitos especialistas acreditam que ainda faltam evidências científicas para comprová-los. Por isso, o ideal é focar nos cuidados que garantem a harmonia entre os habitantes naturais da flora vaginal e, com ela, a saúde de todo o aparelho genital feminino. 

Ter uma vida saudável é o primeiro passo para preservar o equilíbrio da flora vaginal. "Isso ajuda a manter a imunidade em dia, o que reflete diretamente sobre ela", diz o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, diretor da Clínica Mae, em São Paulo. Alguns cuidados no dia a dia também são imprescindíveis. Mas, mesmo com toda precaução, alguns fatores podem alterar esse ambiente. "O ciclo menstrual, a gravidez, a atividade sexual, o uso de contraceptivos e de antibióticos são exemplos disso", informa a ginecologista e obstetra Caroline Alexandra Pereira de Souza, da Clínica BMS, em São Paulo. Nesses casos, o próprio organismo em geral se encarrega de restabelecer a harmonia na região. 

O desarranjo ainda pode ser provocado por doenças, o que faz com que um auxílio médico seja necessário. "Males que afetam muito a imunidade, como o lúpus e a insuficiência renal, devem estar nessa lista de alerta", afirma Alfonso Massaguer. "O diabete, que aumenta a quantidade de glicose na circulação, e o estresse, que provoca uma alteração hormonal, também têm essa ação", acrescenta Carolina Carvalho. E até mesmo tratamentos tópicos podem ameaçar esse equilíbrio. "O uso de cremes vaginais para tratar doenças precisa ser feito com cuidado, porque eles podem atacar a flora saudável", avisa Eduardo Zlotnik. 

Independentemente do que estiver por trás dessa desproporção entre os micróbios benéficos e nocivos na flora vaginal, quando ela ocorre abre-se espaço para o surgimento de problemas. "Ardor, coceira, cheiro forte, vermelhidão e corrimento escuro ou esbranquiçado são sinais de que algo está errado", explica Caroline Alexandra Pereira de Souza. "Se esse tipo de quadro acontecer com muita frequência, a mulher pode lançar mão de comprimidos de vitamina C para deixar a região mais ácida ou tomar iogurte com lactobacilos, porque a flora vaginal está muito ligada à flora intestinal", sugere Carolina Carvalho. Marcar consultas frequentes com o ginecologista também é imprescindível. 

Os malfeitores 

* Candida sp (candidíase) Esse fungo causa coceira, ardor e corrimento esbranquiçado. Ele se prolifera diante de fatores como a umidade em excesso ou a baixa na imunidade. 

Chlamydia trachomatis (clamídia) Trata-se de uma bactéria perigosa que não mostra sintomas em cerca de 70% dos casos, mas pode ser transmitida sexualmente e causar infertilidade, aborto ou parto prematuro. 

* Streptococcus B Ele vive na flora vaginal e gastrointestinal, muitas vezes sem provocar chabu. Só que é um risco para gestantes: se não for devidamente tratado, pode contaminar o bebê durante o parto, provocando até a sua morte. Por isso, um exame para detectá-lo é obrigatório no pré-natal.

A candidíase é uma infecção provocada pelo fungo Cândida Albicans e é um grande mal entre as mulheres. "Pelo menos uma vez na vida 75% a 80% das mulheres terá a candidíase", afirma Poliani Prizmic, ginecologista e obstetra do hospital e maternidade São Luiz.

A candidíase não é considerada uma DST, já que, no nosso corpo existe o fungo adormecido. Nas mulheres dentro da flora vaginal e intestinal, e nos homens em forma de esporos no pênis. Porém, dentre as formas de proliferação, uma delas é o ato sexual, em que o homem ou a mulher, podem vir a contaminar o parceiro. Por isso, as mulheres com vida sexual ativa são mais propensas à doença, "mesmo que a relação seja praticada com camisinha, o pênis faz um microtrauma na parede da vagina, assim a mulher fica mais predisposta à doença", explica a ginecologista.


Mas, a doença conta com outras propensões. "A candidíase pode estar associada à baixa imunidade, uso de antibióticos, anticoncepcionais, corticoides, e até mesmo à alimentação", explica Poliniani. Além desses fatores, há o famoso biquíni molhado. "No verão a candidíase é mais comum, pois a temperatura está mais alta e utiliza-se mais biquíni/maiô do tipo Lycra", diz Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do hospital Albert Einstein.


No entanto, na maioria das vezes, explicam os ginecologistas, a crise desse fenômeno está, geralmente, ligada aos casos de baixa imunidade, além de uma dieta rica em farinha branca e açúcar, que acabam por modificar o pH da vagina, o deixando mais ácido e ideal para a proliferação da Cândida Albicans.


Sintomas e tratamentos 
A doença é uma das queixas mais frequentes dentro dos consultórios ginecológicos, e conta com sintomas que incomodam. Nas mulheres a candidíase aparece com coceira na vagina e no canal vaginal, corrimento, dores para urinar e também nas relações sexuais. Nos homens, os sintomas mudam um pouco, "aparecem manchinhas vermelhas, pode ocorrer inchaço, aparecer pontos vermelhos e coceira, assim como nas mulheres", afirma a ginecologista e obstetra do hospital e maternidade São Luiz Poliani Prizmic. Segundo a ginecologista, o melhor diagnóstico é o clínico, dentro do consultório.


Para o tratamento, é feito o uso de remédio antifúngico oral e creme vaginal, por mais ou menos uma semana. Além de, "evitar tecidos que aumentem a temperatura local como do tipo Lycra e roupas apertadas, e até mesmo dormir sem calcinha pode ajudar a melhor ventilação local", afirma o ginecologista e obstetra do hospital Albert Einstein Eduardo Zlotnik.


Para complementar, segundo Poliani a alimentação correta e nutritiva é muito importante para que a cura seja alcançada e se evite a reincidência da doença. Pois, sistema imunológico forte não abre espaço para a candidíase.


Alternativa 
Em entrevista à revista BOA FORMA o ginecologista José Bento, dos hospitais Albert Einstein e São Luiz, afirmou que antes de as pessoas começarem o tratamento por remédios, seria interessante investir primeiro em mudanças nos hábitos alimentares.


O ginecologista afirma que restringir os doces e carboidratos da dieta do dia a dia pode atuar diretamente na candidíase. "O açúcar altera o pH da vagina de modo a favorecer a proliferação dos fungos", afirma José Bento. Outra mudança alimentar proposta pelo médico é a introdução na cardápio de alimentos com ação antifúngica. São eles: o alho, o alecrim, a cebola e o orégano.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

"A flora nacional concentra a maior biodiversidade do mundo. São 55 mil espécies catalogadas, o correspondente a 20% do total distribuído pelo planeta", dispara o médico Roberto Boorhem, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia. Esse tesouro natural é uma oportunidade de avançar na descoberta de novos tratamentos médicos, desde que utilizado com critério científico. 

Antes de tudo, apague a crença de que tudo que é natural não faz mal. "As plantas necessitam de recursos químicos para se defender, como alguns alcaloides, que, por serem amargos e tóxicos, afastam predadores, ou óleos essenciais, que atraem aves para a polinização", exemplifica a farmacêutica Ivana Suffredini, da Universidade Paulista, na capital. "Assim como algumas dessas substâncias podem atuar positivamente no organismo humano, outras provocam sérios danos", alerta.
Outra confusão que precisa ser desfeita é usar os termos plantas medicinais e fitoterápicos como sinônimos. "Fitoterápicos são remédios, que passam por uma rigorosa avaliação de segurança e eficácia em seres humanos, com uma concentração de ativos padronizada, o que nem sempre ocorre com as folhas para o preparo de chás", diferencia a geriatra especializada em fitomedicina Rita Ferrari, de São Paulo. 

Não quer dizer que a população tenha de abandonar as infusões, respeitando-se algumas medidas de cautela. Com o respaldo de investigações sérias e de anos de uso popular registrados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma lista de 66 espécies eficazes, com suas respectivas indicações de uso. As plantas mencionadas nesta reportagem aparecem nessa relação e são rotuladas como drogas vegetais. "Esses chás devem ser consumidos somente para alívio de sintomas agudos, sem ultrapassar 30 dias. A utilização prolongada exige o acompanhamento de um médico ou nutricionista", esclarece Boorhem. 

A procedência da planta também requer total atenção. "Algumas espécies são muito semelhantes e facilmente confundidas, o que é perigoso", justifica Ivana. Você só deve adquirir o produto de farmácias ou casas de ervas idôneas. "A Anvisa já tem uma proposta para regulamentar a venda dessas drogas vegetais", afirma Douglas Duarte, coordenador de assuntos regulatórios da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais. "Elas deverão ser comercializadas em embalagens que estampem especificações como alegação terapêutica e orientação de consumo." O selo do Ministério da Saúde, portanto, será, em breve, mais uma garantia para o consumidor. 


Sinal amarelo 
Remédios de uso contínuo nem sempre combinam com plantas medicinais. "Alguns ativos dos vegetais potencializam ou anulam os seus efeitos", avisa Ivana Suffredini. Portadores de doenças crônicas — como as cardiovasculares, as renais, as hepáticas, o diabete, o câncer e a epilepsia — também não devem ingeri-los por conta própria, já que o consumo pode ser tóxico para o seu organismo mais sensível e agravar o quadro. O último alerta é para as grávidas. "Elas jamais devem tomar chás e fitoterápicos sem o médico ter prescrito. Muitos contêm substâncias que contraem a musculatura uterina, arriscando a gestação", diz a farmacêutica Mary Anne Bandeira, coordenadora do Projeto Farmácias Vivas, da Universidade Federal do Ceará. 

Esperança contra o câncer 
O primeiro fitoterápico brasileiro contra tumores já está em fase de testes com seres humanos. AEuphorbia tirucalli, espécie conhecida como aveloz, mobilizou grandes hospitais, como o Sírio-Libanês e o Israelita Albert Einstein, ambos em São Paulo, que avaliam, em pacientes graves, a eficácia de um remédio à base de seus componentes no controle do câncer de mama e de próstata. "As substâncias do aveloz desestruturam as células cancerosas e as induzem à morte", explica o farmacêutico Luiz Pianowski, que coordena pesquisas sobre a planta no laboratório Amazônia Fitomedicamentos. "Seu principal trunfo é atuar de maneira seletiva, poupando células sadias que costumam ser afetadas pela quimioterapia", destaca. Na opinião do oncologista José Augusto Rinck Junior, do Hospital A.C. Camargo, a droga é uma aposta, mas ainda são necessárias mais investigações que comprovem sua segurança e vantagens em comparação com medicamentos padrão 

Do jeito certo 
Os chás medicinais são bem-vindos para aliviar sintomas agudos, desde que consumidos em situações pontuais e respeitando as orientações descritas anteriormente. Para tirar proveito da infusão, siga as recomendações de preparo: verta água fervente sobre as folhas e, em seguida, abafe o recipiente por cerca de cinco minutos. Coe e beba. No caso de partes mais rígidas da planta, como cascas, é preciso submetê-las a um processo de decocção, que consiste em uma fervura durante dez minutos. 



Em julho de 2011, a Organização Mundial da Saúde divulgou uma triste notícia: estão crescendo os casos de ansiedade e depressão em todo o mundo. Para piorar, nosso país foi apontado como o campeão na incidência do distúrbio — 10,8% dos brasileiros são considerados depressivos graves. Uma das razões para esse quadro alarmante é o ritmo de vida que levamos. "Sedentarismo, cobranças maiores no ambiente de trabalho e má alimentação são fatores que influenciam no aparecimento de transtornos psiquiátricos", analisa Rafael Freire, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na capital fluminense.

Para combater os males da mente, os médicos costumam receitar remédios como os ansiolíticos, que barram a ansiedade e ajudam a tratar certos tipos de depressão. O perigo é o exagero na hora de recomendar esse tipo de tratamento: entre 2006 e 2010, a venda dos famosos tarja preta para a cabeça aumentou 36% no Brasil. "A população está mais estressada, mas isso não significa que haja necessidade de prescrever mais ansiolíticos", pondera o psicobiólogo Ricardo Tabach, da Universidade Federal de São Paulo. "Só que o próprio paciente costuma pedir o remédio como solução para todos os problemas", lamenta Freire.

Como alternativa para esse uso excessivo, que pode causar sérios efeitos colaterais e até dependência, alguns apontam para os fitoterápicos, que são feitos com plantas e agem de forma semelhante às drogas sintéticas. Quem nunca ouviu o conselho de tomar chá de camomila para se acalmar? A sabedoria popular indica há tempos algumas ervas como saída para o estresse e as noites maldormidas.

No entanto, vale esclarecer uma confusão corriqueira. "Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de outras maneiras, no preparo de chás", diferencia o professor de farmacologia Hudson Canabrava, da Universidade Federal de Uberlândia, no interior de Minas Gerais. E nem todos os remédios naturais já caíram nas graças dos cientistas. É preciso conhecê-los bem antes de correr até a farmácia fitoterápica mais próxima.

Na hora de comprar fitoterápicos, procure ficar atento ao rótulo do produto. Nele, há o número de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. "Para ser registrado, o remédio deve passar por testes que comprovam sua eficácia, segurança e qualidade", esclarece Mônica Soares, especialista em regulação de fitoterápicos da Anvisa. Além disso, o órgão também lançou em 2011 o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. O guia explica aos profissionais de saúde como manipular 58 das plantas medicinais mais conhecidas, auxiliando na produção desse tipo de medicamento. 

Entre essas plantas, estão a passiflora, a valeriana e a erva-de-são-joão. Esse trio é bastante utilizado pela indústria farmacêutica em fórmulas que tratam casos de depressão leve a moderada. "As três plantas contêm substâncias que atuam nos neurônios e diminuem a atividade do sistema nervoso, relaxando o indivíduo", explica Ricardo Tabach. "A principal vantagem em relação ao ansiolítico é o fato de a concentração dos princípios ativos ser menor e misturada a outros compostos, o que abaixa o risco de efeitos colaterais e dependência", expõe o doutor em farmacologia João Batista Calixto, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. "Os resultados do tratamento à base de fitoterápicos demoram mais para aparecer, mas seus efeitos adversos são muito menos agressivos", completa Hudson Canabrava.

Se as crises não são graves, os chás podem ser uma aposta certeira. "Os princípios ativos estão presentes de maneira mais branda, o que reduz a probabilidade de complicações", atesta Tabach. Busque comprá-los em farmácias de confiança e conferir no rótulo o nome científico da planta.

E, mesmo sendo de origem natural, os fitoterápicos devem ser consumidos com cautela. Um dos principais perigos é a interação medicamentosa, que pode anular ou até potencializar drogas que estejam sendo tomadas paralelamente. "As plantas possuem milhares de substâncias químicas capazes de reagir de maneira indesejada com medicamentos alopáticos comuns. A passiflora, por exemplo, que é um calmante suave, causa sonolência excessiva se combinada com outros remédios", adverte Canabrava. Não caia no engano de pensar que as plantas são inofensivas. A orientação médica é indispensável. Sempre.

E os florais? Funcionam mesmo?
Apesar de as gotinhas à base de flores fazerem sucesso há muitos anos, seu desempenho positivo ainda não foi comprovado de vez pela ciência. Tanto é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, não regulamenta o comércio dos florais. "O que acontece muitas vezes é o efeito da sugestão, ou seja, a pessoa toma o floral confiando em seus resultados. Esse processo, também conhecido como placebo, é responsável por cerca de 30% da eficácia até dos medicamentos tradicionais", explica Hudson Canabrava, professor de farmacologia da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pense em quantas vezes você desejou que o dia tivesse 48 horas para cumprir todas as tarefas e, ante a impossibilidade de esse milagre acontecer, passou o tempo todo correndo de um lado para o outro. Foram muitas, certo? Pois saiba que a tensão constante causa alterações no humor e, acredite, no peso. "A ansiedade nas alturas contribui para a produção de cortisol, um hormônio associado ao acúmulo de gordura no abdômen", conta Fabiana Honda, nutricionista da PB Consultoria em Nutrição, na capital paulista. Uma maneira consagrada de apagar o pavio desse estresse é fazer exercícios. Mas não é a única.

"Há estudos que apontam a relação entre certos nutrientes com uma menor agitação", diz Ana Paula Fioreti, coordenadora do curso de nutrição da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, no interior do estado. Um desses trabalhos foi publicado recentemente pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos. Nele, os jovens que receberam suplementação de ômega-3 apresentaram uma redução de 20% nos níveis de ansiedade quando comparados a quem consumiu cápsulas inócuas. "A dieta exerce um papel importante no controle dos ânimos", reconhece o médico Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. "Mas nenhum alimento é mágico." Patrícia Spada, psicanalista e doutoranda em nutrição na Universidade Federal de São Paulo, concorda: "O tratamento é multidisciplinar". 

Ômega-3

Para os pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio, a suplementação com essa gordura benéfica brecaria a ansiedade ao reduzir a concentração de citocinas, substâncias consideradas pró-inflamatórias. A nutricionista Fabiana Honda informa outro possível mecanismo: "Os ômegas 3 e 6 facilitam a atuação de neurotransmissores como a serotonina, que cria a sensação de bem-estar". 

Triptofano

Esse aminoácido essencial é precursor da tal serotonina. "Pessoas com concentrações normais da substância têm menos episódios de ansiedade", afirma Priscila Meirelles, nutricionista funcional de Pelotas, no interior gaúcho. Aposte também em carboidratos complexos, como os cereais integrais, que estabilizam os níveis de insulina. É que esse hormônio, responsável por botar o açúcar para dentro das células, deixa o triptofano mais disponível no sangue. 

Magnésio

Segundo Fabiana, a enzima que converte o triptofano em serotonina é dependente desse mineral e, daí, sua presença ajuda a acalmar os nervos. "Além disso, o magnésio bloqueia um receptor chamado NMDA, que causa uma excitação exagerada no cérebro. A consequência são sintomas como irritação, ansiedade e estresse", conta Ana Paula Fioreti, da Universidade São Francisco. 

Vitamina C

"Estudos com cobaias mostram que ela ajuda a reduzir a produção de cortisol, hormônio do estresse", conta Fabiana Honda. E esse não é seu único trunfo: ela combate os radicais livres, moléculas nocivas que fazem a festa em momentos de tensão. 

Arginina e lisina

Pesquisas indicam que combinar esses dois aminoácidos diminuiria a concentração de cortisol pelo corpo, garantindo uma baita tranquilidade. "A forma de ação, porém, ainda não é conhecida", avisa Fabiana Honda. 

Cálcio

Entre suas tarefas estão administrar a transmissão de impulsos nervosos e, junto com o magnésio, gerenciar a contração muscular. A ausência do mineral, afirma Ana Paula Fioreti, é capaz de gerar uma senhora agitação. 

Quando o relógio da vida avança além dos 60 anos, algumas peças do cérebro podem começar a enferrujar. Mas um problema em especial é capaz de acentuar dramaticamente esse declínio, dizimando áreas como o hipocampo e o córtex, responsáveis pela memória, aprendizado e capacidade de planejamento. Estamos falando da doença de Alzheimer, condição em que uma parte dos 100 bilhões de células nervosas e dos 100 trilhões de conexões entre elas, as sinapses, é destruída de maneira lenta e progressiva. Esse arrastão faz com que as lembranças — e, com o tempo, outras funções cognitivas — caiam literalmente no esquecimento.

No esforço para contrapor os primeiros apagões do Alzheimer, a Danone Medical Nutrition anuncia a chegada ao país da bebida Souvenaid, cuja proposta não tem precedentes no combate a essa doença, que ainda carece de tratamentos médicos 100% efetivos. O produto, com sabor baunilha, é considerado um complemento alimentar, fruto de mais de dez anos de pesquisas envolvendo testes no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Entre os ensaios clínicos que mapearam sua ação, está o Souvenaid II, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease. Durante seis meses, foram avaliadas 259 pessoas com Alzheimer leve, divididas em grupos paralelos: metade recebeu a bebida e o restante um líquido fajuto, o placebo.

De acordo com o responsável pelo estudo, o neurologista Philip Scheltens, da VU University Medical Center Amsterdam, na Holanda, os resultados apontaram benefícios na memória recente com o uso diário do produto. “Utilizamos exames de eletroencefalograma para investigar a qualidade da comunicação entre os neurônios. E descobrimos que, nos pacientes que receberam a bebida de verdade, ela sustentava a conexão entre as células nervosas, enquanto nos demais voluntários esse processo se deteriorava”, conta Scheltens, em entrevista exclusiva a SAÚDE. “Entre os efeitos adversos, nenhum foi significativamente mais presente em um ou outro grupo. Isso mostra que a bebida é segura e bem tolerada”, observa o professor. Em resumo: ela conseguiu resguardar o cérebro, sobretudo as regiões assaltadas pelo mal neurodegenerativo.

Bem-vinda, mas não a todos
A Associação Brasileira de Alzheimer estima em 1,5 milhão o número de portadores da desordem em nosso país. E a projeção para a América do Sul é que ela cresça 534% até 2050 — seria um efeito colateral do aumento da expectativa de vida no continente. Mas nem toda essa população pode ou poderá tirar proveito do Souvenaid. Testes revelaram que ele não tem efeito protetor em quadros moderados ou avançados. “O suplemento melhora o estado das membranas dos neurônios, viabilizando as sinapses, que são geralmente atacadas na fase precoce do Alzheimer”, explica o neurologista Paulo Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo. Se a doença progride, as células nervosas capitulam e os danos são irreversíveis.
  
Mas qual é a receita do Souvenaid que o tornaria capaz de proteger a memória? O mérito recai sobre as substâncias colina, uridina, DHA e EPA. “As membranas das células nervosas são como paredes, formadas por fosfolipídios, que funcionam como tijolos. Para estimular a formação deles, necessitamos de nutrientes-chave, como os que compõem a bebida”, aponta Claudio Sturion, diretor médico da Danone Medical Nutrition.

Sabe-se que certos cardápios, como a dieta mediterrânea — à base de peixes, verduras, frutas e azeite —, diminuem o risco de lapsos de memória e raciocínio lento. Uma das características desse menu é oferecer doses generosas de EPA e DHA, que são formas da gordura ômega-3, além de vitaminas. O Souvenaid meio que se inspira nesse mix nutricional, inclusive pelas suas vitaminas. Um frasco oferece as do tipo C, E e do complexo B, como o ácido fólico. “Ele reduz os níveis circulantes de homocisteína, molécula relacionada à presença de Alzheimer”, exemplifica o psicogeriatra Hewdy Lobo, da Associação Brasileira de Nutrologia. Altas taxas dessa substância estão associadas, por sua vez, ao encolhimento do cérebro.

Apesar do amplo histórico de estudos, o Souvenaid não foi avaliado pra valer em pessoas sem declínio cognitivo. Em outras palavras, ainda não pode ser usado na prevenção da doença. Tem mais: embora esteja livre de prescrição e não haja evidências de interação com remédios contra o Alzheimer, recomenda-se a sua ingestão mediante orientação médica. Segundo os testes clínicos, deve-se tomar um pote de 125 mililitros por dia — e o produto começa a fazer efeito após três meses de uso contínuo. Ele serve de lanche da manhã ou da tarde e pode entrar na receita de vitaminas geladas. Só não vale aquecê-lo.

Apesar da indicação, a garrafinha está longe de ser barata — uma caixa com quatro unidades custa por volta de 40 reais. Se é preciso tomar uma delas todo dia... Não é por menos que a combinação do suplemento com a medicação chega a dobrar os gastos do paciente. Aliás, diante de obstruções intestinais, dificuldade para engolir e alergia a peixes e frutos do mar (os redutos de DHA), o produto tem de ser descartado. A despeito das contraindicações, o primeiro desafio, inclusive para o médico, é captar o mais cedo possível os sinais do Alzheimer. “A detecção depende principalmente do exame clínico, já que recursos de imagem ajudam a excluir outras causas de demência em estágio mais avançado”, informa o neurologista Arthur Shelp, da Universidade Estadual Paulista. Quanto antes isso acontecer, maior a chance de a nova bebida ajudar a blindar o cérebro.

Coquetel contra o Alzheimer - ingredientes:
DHA - (1 200 mg) Equivale a um filé de 80 g de salmão. Ele é um tipo de ômega-3.
EPA - (300 mg) Equivale a uma porção de 55 g de anchova. É outra versão do ômega-3.
URIDINA -  (625 mg) Equivale a 420 tomates-cereja. Favorece a condução dos impulsos nervosos.
COLINA -  (400 mg) Equivale a 4 ovos cozidos. Atua no mecanismo de retenção da memória.
  
Quando a cuca começa a sofrer 
Calcula-se que de 10 a 15% das pessoas que chegam aos 65 anos apresentam sintomas que remetam ao Alzheimer. A prevalência salta 3% ao ano, até atingir quase 50% ao completar os 85 anos. Nos estágios iniciais da doença, os lapsos de memória são mais presentes, mas podem ser sutis e até negligenciados por serem confundidos como algo natural no envelhecimento. Entre os indícios da doença, estão esquecimento de nomes e objetos, confusão com locais familiares, lentidão em tarefas triviais — como gerenciar finanças ou preparar refeições — e alterações frequentes de humor.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

A cidade de Campos do Jordão, no interior de São Paulo, sediou o 25º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Durante os cinco dias do evento, os especialistas discutiram diversos assuntos, mas, sem dúvida, o que mais chamou a atenção foram as novidades ligadas à cosmiatria. São, em resumo, aparelhos recém-chegados ao mercado que combatem com eficácia e menos efeitos colaterais todos aqueles fatores que cansam a beleza de qualquer um, como a gordura localizada, as rugas e a flacidez.

Com tanta promessa de deixar aquela olhadinha no espelho bem agradável, não é de estranhar que muita gente fique sem saber em qual tratamento apostar. Por isso, SAÚDE conversou com médicos tarimbados e listou uma relação das melhores opções para contornar as chateações que mais ameaçam a textura e a firmeza da pele.

Contudo, antes de agendar qualquer consulta, cheque se o profissional em questão é gabaritado para realizar esse tipo de procedimento. “Tenha cuidado com pacotes promocionais e ofertas milagrosas”, alerta Luis Torezan, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e professor de dermatologia da Universidade de São Paulo. “Conferir se o profissional possui registro no Conselho Regional de Medicina é imprescindível. E ele também precisa ser membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, da Sociedade Brasileira de Dermatologia ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica”, recomenda.

1 - Aliado contra celulite e gordura localizada
É o SlimLipo, uma espécie de tubinho com uma fonte de laser no seu interior. Primeiro, o médico introduz o aparelho na pele através de um pequeno orifício e faz movimentos para quebrar o tecido fibroso que engloba a gordura e prejudica a circulação — processo que forma os indesejados furinhos. Em seguida, o laser entra em ação. “Ele rompe as células de gordura em si. Isso facilita a absorção dela pelo organismo, que na sequência a eliminará pela urina”, esclarece Aldo Toschi, diretor da SBCD. “Fora isso, o aquecimento estimula as fibras de sustentação da pele”, acrescenta o dermatologista Alexandre Filippo, coordenador do Departamento de Laser da SBD. Esse efeito evita que a região se torne flácida. “Uma sessão já é o suficiente e a técnica é indicada para pequenos volumes de gordura em regiões como as coxas, os culotes e a parte interna dos braços”, explica Toschi.

2 - Flacidez? Radiofrequência nela!
A máquina, já usada há tempos para melhorar o aspecto da pele, está disponível em uma versão mais eficaz. Agora, ela emite uma quantidade maior de disparos por vez, fazendo com que a aplicação demore só 15 minutos. Seu calor é controlado e não agride a superfície da pele, uma vantagem para quem almeja se recuperar rapidamente. “Ele age nas camadas internas do tecido e reorganiza as fibras de colágeno. É isso que deixa a cútis firme”, arremata Patrícia Valentini, dermatologista da SBD e da Clínica Vivid, em São Paulo. Além disso, estimula a circulação sanguínea. O ideal é se submeter a cerca de seis sessões. Como o processo revitaliza a área, também é prescrito para abrandar cicatrizes de acne, rugas, estrias...

3 - Adeus ao excesso de suor
Aqui, o grande avanço consiste em um equipamento que emana micro-ondas magnéticas. “Elas atingem as glândulas sudoríparas, destruindo-as por meio do calor”, afirma a dermatologista Leticia Almeida Silva, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Assim, a transpiração fica sob controle. “A superfície da pele não é prejudicada e os estudos mostram que dá para obter bons resultados com duas sessões”, conta. “O método pode ser feito em qualquer área acometida pelo excesso de suor, como as axilas e a virilha”, acrescenta Filippo.

4 - Para apagar manchas e tatuagens indesejadas
Acaba de ser aprovado pela FDA, a agência que regula o setor de saúde nos Estados Unidos, um laser que remove manchas benignas e tatuagens em picossegundos — o que corresponde à bilionésima parte de um segundo. Estudos já comprovaram sua capacidade de dissolver praticamente 100% das marcas sem deixar cicatrizes ou resquícios brancos, como acontecia com os métodos anteriores. No caso das tatuagens, ele apagou 80% do pigmento, mesmo na presença de tintas azuis e verdes, que costumam ser difíceis de desaparecer. Outro ponto positivo: o laser é focado e, por isso, quase não atinge tecido saudável.

Pneuzinhos congelados
Em suma, o equipamento suga as dobras e, então, as resfria. A terapia, chamada de criolipólise, congela a gordura, que, cristalizada, é quebrada no fígado e finalmente deixa o corpo por meio da urina. Como o processo se dá de maneira gradual, o organismo não seria prejudicado. A região fica dolorida por dias e os resultados mais consistentes serão notados um mês após a aplicação — até 25% da gordura localizada se esvai. Entretanto, alguns questionariam: esse procedimento já não era empregado desde 2012? Sim, é verdade. Porém, uma segunda geração do aparelho acaba de desembarcar nos consultórios com incrementos significativos. Em primeiro lugar, a versão atual envolve uma área 38% maior do que a anterior. Acima disso, é utilizável mesmo em partes arredondadas do corpo, a exemplo dos culotes. E, por fim, permite uma associação com outras tecnologias, como radiofrequência e ultrassom, o que possibilita uma série de tratamentos em uma única visita à clínica. A criolipólise é ideal para quem está perto do peso adequado mas sofre com gorduras localizadas resistentes à dieta a aos exercícios.

Um exame sem marcas  
Embora exista faz anos, a microscopia confocal se espalhou só agora por hospitais brasileiros. Com o objetivo de detectar, entre outros males, o câncer de pele, ela traz a vantagem de não ser invasiva. “O teste traça uma avaliação prévia e evita que determinados pacientes passem sem necessidade por uma biópsia, que às vezes deixa cicatrizes”, analisa Francisco Macedo Paschoal, presidente da SBCD e dermatologista da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo.


domingo, 21 de julho de 2013

O que entra pela boca tem grande efeito na saúde cardiovascular. Para o bem e para o mal. Enquanto certos ingredientes são apontados como os maiores inimigos do peito, outros se elevam ao posto de guardiões. E assim algumas injustiças acontecem. Principalmente quando o assunto envolve o colesterol, a molécula que, em níveis abundantes, abre caminho às placas que entopem os vasos e levam ao infarto.
Para desfazer enganos e mostrar o que há de verdadeiro sobre o elo entre alimentação e colesterol, conversamos com a nutricionista Regina Helena Marques Pereira, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. É hora de você saber se precisa rever seus conceitos no cardápio.
1. O ovo deve ser banido

Mito
Sempre que o assunto é colesterol, ele é o primeiro alimento que vem à cabeça. E não é à toa: de fato, o ovo de galinha concentra muito da substância – podendo chegar a 200 mg em uma única unidade! Foi justamente essa quantidade exorbitante a responsável por botá-lo no banco dos réus lá nos idos de 1960 e 1970.
De uns tempos pra cá, porém, assistimos à sua reabilitação graças a um montante de estudos que o livraram da pecha de vilão. Uma das explicações é de que boa parte do colesterol vindo do ovo não é absorvida pelo nosso organismo. E, se a molécula não chega à circulação, não vai ameaçar os vasos e o coração.

2. A gordura saturada faz subir as taxas de colesterol

Verdade
A substância presente nas carnes, no leite, no coco e na manteiga tem mesmo um impacto no aumento do colesterol, tanto nas taxas de LDL, a versão ruim, quanto no HDL, o tipo do bem, que ajuda a limpar as artérias. Por causa desta última ação, não é preciso excluir esses alimentos do prato, basta apreciar com moderação, dentro de uma dieta equilibrada. Se você abusou em um rodízio de churrasco no final de semana, por exemplo, deve maneirar nas fontes de gordura durante a semana.
Agora, há uma espécie de gordura bem pior do que a saturada, a trans. Ela ainda aparece em algumas tortas, sorvetes e biscoitos industrializados. E, mais do que elevar o LDL, também é capaz de abaixar o HDL, tornando-se, portanto, um fator crucial para a aterosclerose, o processo de formação de placas nas artérias. Cuidado com ela!

3. Frituras não podem fazer parte do cardápio

Mito
Não é necessário retirar totalmente a fritura do menu, desde que ela seja feita com óleo de boa qualidade e sem reaproveitamento, pois a ingestão de alimentos fritos não está relacionada diretamente ao aumento do colesterol e ao risco de doenças cardiovasculares. O fato é que esse modo de preparo, no mínimo, faz somar muito mais calorias ao cardápio diário e, quando o consumo é corriqueiro, a obesidade pode dar as caras. O perigo, no caso, mora aí: quilos a mais patrocinam problemas cardiovasculares.

4. Óleo de soja não contém colesterol

Verdade
Embora as embalagens tragam esse aviso, nenhum alimento de origem vegetal oferece colesterol, já que ele é específico do reino animal. Os óleos – soja, canola, milho, girassol, oliva, entre outros – contêm uma ótima composição gordurosa. Eles oferecem ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados, que são festejados por sua atuação em prol das artérias.

5. As fibras são aliadas das artérias

Verdade
Além de dar aquele empurrão ao trânsito intestinal, elas ajudam a varrer o colesterol para fora do organismo. O destaque vai para as fibras solúveis, que são encontradas na aveia, nos feijões e em frutas como a pera e a maçã. Mas aqui vai um lembrete: é importante caprichar na hidratação do organismo para que, durante a digestão, se forme o gel encarregado de arrastar a gordura para fora do corpo. A recomendação, aliás, é que você consuma 25 gramas da substância diariamente. Então, fica o convite para abusar de frutas, verduras e cereais integrais.


sábado, 20 de julho de 2013

Andar meia hora por dia ajuda a evitar doenças cardiovasculares. Então, que tal calçar o tênis?
A professora de educação física Denise de Oliveira Alonso, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp, conta que um velho estudo, lá dos anos 1960, serviu para dar pistas sobre a importância da caminhada na proteção das artérias. Cientistas ingleses observaram que os motoristas de ônibus estavam mais sujeitos a problemas cardiovasculares do que os cobradores. “Naquela época, enquanto os condutores passavam muitas horas sentados ao volante, os trocadores subiam, desciam e andavam pelo veículo para cobrar os passageiros”, relata Denise. Assim, os pesquisadores concluíram que mexer as pernas estava intimamente ligado ao estado dos vasos e do coração.
De lá pra cá, grandes populações foram avaliadas em diversas pesquisas e não restou nenhuma dúvida a respeito do impacto das passadas na saúde do peito. “Esse tipo de atividade melhora o fluxo sanguíneo e fortalece o músculo cardíaco”, explica Denise. Há também a redução das taxas de colesterol e de glicose. Somam-se a essa lista de benefícios a perda de peso e o controle da pressão arterial. Todos esses atributos, é importante destacar, estão atrelados à prática constante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o mínimo de 30 minutos diários de atividade física, cinco dias por semana.
Antes de calçar o tênis e sair por aí, convém prestar atenção em alguns detalhes. Em primeiro lugar, olhe para o próprio calçado: ele deve ter algum sistema de amortecimento para atenuar impactos. Também é preciso caprichar na hidratação e esse aviso vale principalmente para as jovens senhoras — isso porque existe maior tendência à desidratação conforme os anos passam.
É fundamental analisar o trajeto da caminhada e verificar se não existem buracos nas calçadas ou trilhas muito irregulares. Outra vez, a cautela deve ser redobrada para quem já tem certa idade. Por fim, para as mulheres que já passaram dos 55 anos, para as hipertensas, diabéticas e aquelas com alterações de colesterol, cabe enfatizar a recomendação de consultar o médico e um profissional de educação física antes de partir para as voltas no parque ou o passeio na esteira. Embora a caminhada seja um exercício de menor intensidade, só a avaliação de um especialista poderá garantir completa segurança.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quem diria! Puxar ferro pode ajudar a controlar a pressão e as taxas de açúcar no sangue. Durante décadas, a musculação carregou a fama de sobrecarregar o coração. “Havia um elo errôneo entre esse tipo de atividade e a morte súbita”, diz o cardiologista Rui Manoel dos Santos Póvoa, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. O médico conta que as suspeitas surgiram por causa do abuso de anabolizantes usados pelos “marombados”. “É que algumas drogas usadas em academia afetam diretamente o coração”, justifica.
Nos últimos anos, entretanto, diversos trabalhos surgiram para desfazer o engano. Um dos mais recentes, feito na Universidade Federal de São Paulo, mostrou que levantar peso pode ajudar a equilibrar a pressão arterial. E são vários os mecanismos por trás desse grande feito.
“A prática de exercícios, em geral, favorece a fabricação de substâncias promotoras do bem-estar, caso das endorfinas”, revela Póvoa. Assim, com a cabeça livre das tensões, a tendência é que o sangue circule sem grandes apertos. Além disso, quem sua a camisa mantém o peso saudável e isso, por si só, já tem enorme impacto contra a hipertensão.
Para completar, existem fortes evidências científicas sobre o efeito da malhação nas taxas de açúcar no sangue. “A musculação favorece a captação da glicose pelas fibras musculares, o que ajuda a equilibrar os níveis circulantes de açúcar e insulina”, explica Póvoa. Esse fenômeno assegura proteção aos vasos. Isso porque, quando existem excessos açucarados na circulação, aumentam as chances de surgirem machucados na parede dos vasos, o chamado endotélio. Essas microlesões, por sua vez, servem de estopim para o entupimento das artérias — processo que culmina em infartos e derrames.
Diante de tantos benefícios, você já deve estar toda animada para frequentar a academia, não é? Porém, é fundamental conversar com seu médico antes de começar a puxar ferro. Ele fará uma avaliação clínica criteriosa para afastar qualquer perigo. Dado o sinal verde, busque um profissional de educação física que possa auxiliar sobre a intensidade e a frequência das atividades. Aliás, aqui cabe mais um aviso: se houver exageros na malhação, o tiro acaba saindo pela culatra e o coração pode reclamar. Nada de exagero, hein?
Bebê que mama no peito tem mais chances de ter artérias sadias no futuro
Uma penca de benefícios é atrelada ao aleitamento materno. Há desde o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho até a melhora no sistema imune do bebê, passando pela prevenção da anemia e de alergias. E, agora, há mais um excelente motivo para incentivar esse hábito: estudos mostram que as crianças amamentadas têm menor propensão para males cardiovasculares na vida adulta.
O assunto veio à tona no 34º Congresso da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, que aconteceu no final do mês de maio na capital paulista. A pediatra Marina Santorso Belhaus abordou, em uma apresentação, alguns trabalhos recentes sobre o tema. “Existem evidências de que o aleitamento reduz o risco de síndrome metabólica, obesidade, diabete e dislipidemia”, afirmou.
Além de oferecer vitaminas, sais minerais, gorduras benéficas, proteínas e outros nutrientes, o leite materno contém substâncias como a leptina e a adiponectina, uma dupla de hormônios que regula a fome. Traduzindo: o alimento promove a saciedade e o organismo aprende, desde muito cedo, a controlar o apetite. Esse mecanismo ajuda a entender a tendência de a criança que mama crescer com um peso saudável e manter-se assim, o que só traz ganhos para o coração.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é oferecer o peito até pelo menos o sexto mês de vida. Nesse período não há necessidade de fornecer sequer água porque o leite materno já hidrata. Aliás, convém ressaltar, esse conselho também ajuda a escapar da oferta precoce de alimentos que não são indicados aos bebês. Durante sua aula, Marina Santorso relatou uma pesquisa americana que apontava bebês de apenas 3 meses de vida consumindo sorvete e batata frita no dia a dia. Lamentável. Com um cardápio desses ainda na primeira infância, fica bem difícil pensar em um coração saudável no futuro.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Estampado nos rótulos de xampus, hidratantes e produtos alimentícios, ele figura no imaginário popular como sinônimo de uma pele firme e de cabelos resistentes, devido às suas propriedades de sustentação e elasticidade. Menos popular e mais vital, porém, é a sua capacidade de fortalecer as cartilagens. "Essas estruturas é que atenuam o atrito entre os ossos, evitando a osteoartrite, ou seja, a inflamação das articulações, que ficam desgastadas especialmente nos quadris, nas mãos, nos ombros e nos joelhos", esclarece a nutricionista Nadia Brito, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. "O quadro se acentua com o o envelhecimento e com o sobrepeso", alerta. 

A comida, diga-se, não entrega o colágeno de mão beijada. Mas as refeições abrigam a matéria-prima para sua fabricação dentro das células cartilaginosas. "Batizadas de condroblastos, essas unidades se valem dos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina, partículas proteicas provenientes dos alimentos de origem animal - como carnes vermelhas e ovos -, prontas para formar moléculas maiores, os peptídeos", descreve, em detalhes, a nutricionista Andrea Frias, coordenadora do Centro de Pesquisas Sanavita, em São Paulo. "São esses peptídeos que dão origem às fibras colágenas, capazes de amortecer o impacto articular com força comparável à de um fio de aço." 

Acontece que, a partir dos 30 anos de idade, essa fábrica celular de colágeno "desacelera cerca de 1% ao ano", como avisa Nadia. E a situação se agrava para o time feminino após a menopausa. "Os ovários deixam de liberar o hormônio estrogênio, que estimulava a síntese de colágeno a pleno vapor", justifica Andrea. "Por isso, sua produção despenca, em média, 30% nos primeiros cinco anos dessa fase e, depois dela, uns 2% anualmente." A boa notícia é que é possível evitar esse prejuízo com um cardápio que compensa a lentidão do organismo para gerar quantidades adequadas de colágeno. 

Embora seja difícil mensurar em cada proteína a quantidade exata da tríade de aminoácidos formadores de colágeno, os especialistas garantem que incluir os alimentos certos nas refeições garante o aporte dos 10 gramas diários de que o organismo necessita. O pré-requisito inegociável você já conhece: a fonte proteica precisa ser de origem animal. "Carnes vermelhas, frango, peito de peru, peixes, ovos, queijo, leite e iogurte desnatado são as melhores apostas", lista a nutricionista Alexandra Savino, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Pelo menos um desses itens deve constar nas principais refeições do dia. "Um copo de leite e dois bifes grandes já são capazes de contemplar a cota diária", garante Nadia. 

Para assegurar que os aminoácidos ingeridos serão, de fato, convertidos em reforço para a cartilagem, você pode dar uma ajuda extra ao corpo, consumindo fontes de nutrientes que colaboram com sua absorção ou participam das reações químicas que os transformam em peptídeos e, finalmente, em colágeno. "É o caso das vitaminas A, C e E, presentes na cenoura, no pepino, na laranja, no limão e na goiaba; do zinco, encontrado nos frutos do mar e na castanha-do-pará; do selênio das nozes e do arroz preto; do silício da aveia, da cevada e da alcachofra; e do cobre ofertado pelo fígado de boi e pelos cogumelos", ensina Alexandra. As possibilidades são inúmeras e não custa nada investir em um copo de limonada no almoço ou acrescentar um punhado de castanhas no lanche da tarde. 

Os supermercados ainda exibem produtos que prometem o chamado colágeno hidrolisado em sua formulação. "Eles contêm os aminoácidos submetidos a um processo enzimático químico que facilita sua incorporação pelo organismo", explica Nadia. Vale dar crédito a eles, desde que com o cuidado de escolher uma marca idônea e devidamente certificada. 

O destino do nutriente O colágeno também constitui o tendão de aquiles, a ponta do nariz, os ossos e a conexão entre as costelas torácicas anteriores. "Os discos intervertebrais e uma das camadas das artérias são, ainda, formados por um tipo especial dessa proteína, chamado elastina", explica o cientista de alimentos Jaime Farfan, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Por fim, o humor vítreo - substância ocular que preenche a área entre o cristalino e a retina - e músculos que revestem órgãos como o intestino também contam com o colágeno em sua composição. 

Reforço bem-vindo O laboratório Sanofi-Aventis acaba de lançar o Mobility, um suplemento de colágeno hidrolisado em forma de sachê, sem sabor nem cheiro, que pode ser dissolvido em bebidas e alimentos. "A suplementação é recomendada a pessoas com uma dieta carente em proteína animal e contraindicada a indivíduos com insuficiência renal", esclarece Nadia Brito. 

Casais perfeitos (ver slideshow)

Combinações à mesa que ajudam na produção proteica 

1. Peixe e rúcula O ferro dos vegetais verde-escuros contribui com o processo de formação de colágeno. Aposte em pescados com rúcula e agrião. 

2. Bife e suco A bebida feita com laranja e acerola fornece vitamina C, que também dá uma força nesse processo. Ele pode acompanhar o bife do almoço. 

3. Frango e tomate Para que o consumo do frango resulte em uma fabricação de colágeno eficiente, consuma-o com tomate-cereja, que provê o auxílio das vitaminas A e C. 

4. Gelatina e companhia Contrariando a crença popular, a sobremesa está longe de ser a melhor coadjuvante na fabricação de colágeno. "A maioria das gelatinas contém uma quantidade insignificante de proteína", desmitifica Andrea Frias. "A exceção são os produtos com colágeno hidrolisado", ressalta Jaime Farfan. O mesmo vale para geleias de mocotó e balas de colágeno. 


Para entender o que é o colágeno, apalpe as suas orelhas ou a pontinha do nariz e note o quão maleáveis e, ao mesmo tempo, resistentes eles são. "A função dessa proteína de origem animal é dar firmeza à pele, às cartilagens e, em geral, às estruturas do nosso corpo que não precisam da sustentação dos ossos, mas, sim, de um suporte", esclarece o médico da Associação Brasileira de Nutrologia, Carlos Alberto Nogueira de Almeida.

O nutrólogo explica que a ingestão de determinadas fontes para a produção de colágeno, caso das carnes vermelhas e brancas, são válidas até certo ponto. Segundo ele, o processo pode ser comparado ao de uma fábrica: cada pedacinho dessa matéria-prima ingerida à mesa é degradado no processo digestivo para então formar os aminoácidos, uma fração mais sintetizada da proteína. "Nessa indústria, eles seriam os tijolinhos que formam a estrutura da qual precisamos naquele momento", explica a nutricionista do Hospital São Camilo, Marisa Resende Coutinho.

Para esclarecer, as carnes consumidas estimulam a produção de colágeno, mas não cumprem necessariamente o papel de formá-lo. Se o corpo não precisa dessa proteína, os aminoácidos se encarregam de resolver outro problema com o que foi absorvido. "O leigo acha que tudo o que comemos fica daquele jeito depois de ingerido. Leite, ovos e até suplementos de colágeno são recebidos da mesma forma. O fígado recombina isso para o que precisar", completa Nogueira de Almeida.

A rigor, a carência de colágeno pode ocorrer em doenças muito graves. Apesar disso, fatores comuns, como a ausência de carnes no prato, podem ser limitantes na produção dessa proteína. "É o caso de vegetarianos que não fazem boas combinações, como macarrão e lentilha, arroz e feijão", alerta Nogueira de Almeida.

Vale lembrar que, a partir dos 30 anos de idade, há uma queda gradual no processo de produção de colágeno. "Ele vai sendo substituído por outro tecido, menos elástico e mais fibroso. Daí, percebemos a flacidez, as rugas, a perda dos cabelos e as unhas fracas", detalha Marisa. Ainda segundo a nutricionista, os radicais livres que o organismo luta para combater durante os períodos de estresse também prejudicam o funcionamento desta indústria.

As articulações também podem sofrer as consequências da falta de colágeno, como aponta Nadia Brito, nutricionista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas. "A cartilagem articular, presente entre as nossas articulações, também pode apresentar problemas em seu funcionamento", indica.

No caso dos suplementos, o ideal é que a versão em pó seja utilizada, já que as cápsulas não comportam a quantidade de colágeno recomendada por dia, isto é, 10 gramas. "A indicação deve ser feita por um profissional habilitado, de acordo com a necessidade da pessoa assistida", orienta Nadia. Quanto à famosa referência à gelatina, Nogueira de Almeida revela: "ela possui cerca de 1% de proteína, que, no caso, é o colágeno. Essa quantidade é muito baixa e está longe de ser a melhor opção".